Desde o ataque à Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, Zona Oeste da Capital carioca, onde 12 crianças faleceram e outra dezena ficou ferida, parece-me que todos fomos inseridos naquele cenário, compartilhando a dor com pais e mães, em um movimento que vai além da solidariedade.
Afinal, o luto foi de toda Nação! Assim, da mesma maneira que dividimos esta dor também buscamos respostas que nos revelem algum sentido para tamanha violência. Neste momento, é comum apontarmos a ausência de ferramentas em aparelhos do Estado, mesmo por que precisamos de justificativas.
Muitos têm elencado a segurança como a área que, com investimento adequado e projetos que viabilizem tanto uma presença maior de agentes quanto a inserção de aparelhagem em espaços públicos, solucionaria a questão. No caso da escola de Realengo, pautar a segurança como único problema é recorrermos, mais uma vez, a um velho hábito: olharmos somente para um lado do quadro, nos eximindo da responsabilidade de buscarmos uma leitura completa.
O fato é que a violência que vivenciamos não foi construída da noite para o dia. Ninguém se torna um assassino nesta velocidade, como confirmam estudos publicados sobre o tema. Por isso, isolar nossas crianças nas escolas, presas em áreas de muros altos, grades, e afastadas do restante da sociedade não evitará a repetição deste acontecimento.
Este mesmo esforço também não impediu que outros tipos de violência fossem praticadas nas escolas, como a realizada pelos próprios alunos, uma das situações que vimos estar relacionada com o caso de Realengo: o bullying. Esta terminologia, inglesa, dá nome a vários tipos de violência praticados no ambiente escolar, e que não precisam de armas para que o ato seja ententido como uma agressão voraz. Aliás, a repetição de ações como intimidação, humilhação, agressão verbal ou física podem deixar danos imensuráveis nas vítimas.
Nada justifica a violência em Realengo, mas as marcas que o bullying deixa não podem ser tratadas apenas como um acontecimento indevido no ambiente escolar. Seu efeito pode separar uma pessoa dos valores da sociedade, como aconteceu.
Em Osasco, há a lei 4.372/09 de combate ao bullying, de minha autoria, que busca proteger nossas crianças, prevendo trabalhos de conscientização nas escolas, aliando professores, alunos e pais nesta luta. Não podemos nos dar ao luxo de olhar questões como esta a partir de um único prisma. Esta violência, em particular, tem tomado espaços desproporcionais em nossa sociedade, principalmente em função da celeridade com a qual as informações nos são passadas, ampliando a dimensão dos temas e a propagação e repetição da violência.
Este assunto urge e demanda trabalho. Ao invés de atribuirmos responsabilidades a terceiros somente, faço um convite: vamos arregaçar nossas mangas e combater este mal nas escolas, incentivando a prevenção e a orientação!
Aluisio Pinheiro
Presidente da Câmara Municipal de Osasco
terça-feira, 19 de abril de 2011
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